13 de junho de 2010

Jordi Janeiro

Con data de 12 de Xuño do 2010, o Portal Galego da Língua publicou un artigo moi esclarecedor sobre algunhas consecuencias mentais da ruptura coa tradición ortográfica galaico-portuguesa e como os galegos vimos escribindo a nosa lingua dende que se representa graficamente (por José Ramom Pichel Campos).

Jordi Janeiro

A maioria dos galegos, quase o 99% lê a dia de hoje o título deste artigo assim jordi lê-no "lhordi" e janeiro lê-no "janeiro" com j castelhana. E isto é uma grande carência do nosso sistema educativo. No entanto qualquer galego quando lê "Mourinho" lê "Mouriño". O poder da televisão e do futebol é superior ao do sistema educativo nalguns casos.

Mas falemos de dicionários electrónicos, dicionários que terão muito mais uso no futuro. Pois bem, Galiza é um lugar com grande produção em dicionários electrónicos. Temos desde o galego-português medieval até contemporâneo. Muitos séculos compendiados da nossa história em formato digital.

Existem na actualidade diferentes dicionários electrónicos como o dicionário de dicionários ideado por Antón Santamarina antigo director do ILG, uma jóia da tecnologia que guarda muitíssimo léxico galego de mais de vinte dicionários realizados desde o século XVIII. Também o dicionário de dicionários medieval do Ernesto González Seoane e Ana Boullón, que recolhe muitas palavras com as suas definições em todas as grafias medievais maioritariamente etimológicas. A Universidade de Standford pediu há anos exemplares do dicionário de dicionários contemporâneo e medieval e fijo várias resenhas em revistas especializadas sobre estas obras.

Também há menos de um mês aparecia em Moanha (Ponte Vedra) um documento no arquivo histórico de São Martinho um testamento escrito do 9 de Novembro de 1466. Neste pergaminho na notícia aparecida no Faro de Vigo diz o seguinte: "En el pergamino se aprecia como en 1466 los textos escritos en el idioma propio de Galicia ya utilizaban la letra "j" para sustituir a la "x" en muchas palabras, aunque simbolizando el mismo fonema, como ocurre en el portugués actual".

Pois bem, na maioria dos dicionários galegos feitos antes da guerra que são a maioria dos dicionários, e incluo também o da RAG (1913-1926) todas as palavras escreviam-se com ortografia etimológico, isto é, a mais próxima ao latim, isto é a que usa o português em Portugal e no Brasil. Escrevia-se "gente" e "jeito", só que se pronunciava como pronunciamos "shente" e "sheito". Escrevia-se "chouriço" e pronunciamos "chourizo" ou "chouriso".

Ao galegos não nos contam toda a verdade sobre o nosso idioma, toda a nossa potencialidade, pésie a ser uma potência em lexicografia computacional e a ter grandes eruditos. Continuaremos a ler jordi janeiro como sempre, à espera de que alguma TV nos pronuncie janeiro como é devido.

(*) Artigo publicado na coluna Medo aos aviões, do jornal Galicia Hoxe.

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